Você é a favor do Lockdown?
Mas como gosto de minha casa, minha rua, meu bairro e minha cidade limpos, os lixeiros que se exponham e, se necessário, segundo minha convicção, que arrisquem suas vidas…
Mas como não quero ser privado de minha alimentação e minhas iguarias, funcionários de supermercados, adegas e afins que se exponham e, se necessário, segundo minha convicção, que arrisquem suas vidas…
Mas como não quero ser vítima da violência e ser privado de minha segurança, policiais civis e militares, bem como outros servidores da Segurança Publica que se exponham e, se necessário, segundo minha convicção, que arrisquem suas vidas…
Mas como não quero correr riscos em caso de acidentes e ser privado de minha percepção de proteção, bombeiros e brigadistas que se exponham e, se necessário, segundo minha convicção, que arrisquem suas vidas…
Por raciocício similar, faço questão de entregadores de pizza, de técnicos que mantenham meus serviços de internet, tv e telefonia em funcionamento, bem como não abro mão de que meus empregados domésticos estejam à postos para a manutenção de meu justo e merecido conforto.
Quanto aos Médicos e demais profissionais de saúde, bem como farmacêuticos e funcionários de farmácias, laboratórios, então, nem falar. Afinal, sua existência se dá, tão simplesmente, para atender às minhas necessidades e necessidades de meus familiares e amigos próximos.
Não tenho a necessidade de compreender que cada benefício de que disfruto não se constitui, simplesmente uma dádiva divina que visa colocar-me à prova, ou simplesmente, fato aleatório, que deva ser atribuído ao acaso. Estou convencido de que tenho a vida que tenho por ser dotado de méritos que a justifiquem e de justas conquistas. Se nasci com todos os membros e com todas as minhas faculdades e capacidades perfeitamente ajustadas, certamente, terá sido por direito divino também – e não em face de um plano maior ao qual todos estariam submetidos.
E nesse sentido,se por um concurso público lídimo ou um “trem da alegria” do passado, sou servidor público e meus vencimentos, inimaginavelmente acima da média dos brasíleiros e, mesmo, de outros servidores públicos mais humildes, bem como o de parentes beneficiados por eventos semelhantes, está religiosamente na conta todos os meses, que se dane se empresários, seus empregados, todos integrantes da cadeia produtiva desse país, estão no limite da perda de seus sustentos e vê-se em risco a economia do país.
Ora, a bolha em que vivo, caso o país vá à bancarrota, se desprenderá e viverei com o mesmo conforto em Marte!
E chega de conversa pois tenho que abastecer meus carros importados e caros e tratar de depositar os valores correspondentes a hopedagens e passagens de férias em merecidos destinos – inatingíveis para os brasileiros comuns e que não tem, sequer, direito ao lockdown!
Autor Desconhecido